quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Tudo o que eu preciso...


 
"Tudo o que eu preciso para viver carrego sem ocupar as mãos.
Tudo o que eu preciso para ser feliz não se transporta numa caixa, não se guarda numa bolsa, nem pesa nos ombros.
Carrego comigo o que é possível para me movimentar livre, nesse mundo tão cheio de coisas.
As coisas que eu carrego não têm peso, nem forma, nem volume.
São coisas que me alimentam sem que eu precise comer.
Que me locomovem sem que eu precise caminhar.
Que me alegram sem que eu precise comprar.
Carrego comigo a sabedoria herdada dos meus pais.
A dignidade conquistada com o meu trabalho.
As lições aprendidas na dor.
O amor dos meus afetos.
E a força da minha fé.
Com isso eu posso ir mais longe do que qualquer viajante carregado de bagagem.
Assim fica mais fácil viver e andar por aí.
Porque coisas ocupam espaços, atravancam caminhos, bloqueiam a visão.
As coisas que não cabem no coração, pesam nos braços."


Agora, façamos o exercício do pensar sobre esse belo poema, como é complexo.. carregar só o que eu preciso e acredito, só o que é meu, porque mesmo constituído de uma essência, ela não é pura, porque sou transitado e atravessado pela ação do outro...e o mais interessante que todas essas "coisas" que eu preciso... depende de outrem, e algumas vezes isso pode arranhar o que eu sou, e como isso pesa sim...porque em algum momento,  faz-se necessário abandonar o que se acredita, para aceitar o novo, a nova visão, o novo argumento, o que antes era sem sentido, passa a ter sentido... e você percebe que nada é absoluto, nem verdades, nem mentiras, nem utopias, ciências, que você é um ser em constante... constituição.. e em algumas situações, você verá a a necessidade de abandonar as velhas babagens e aceitar as novas. E pergunto eu...você tem conseguido abrir mão das velhas bagagens para a entradas das novas? 
Será que é possível abandonar as velhas bagagens por completo, acredito que não, porque existem raízes em mim, e algumas são tão profundas, que por mais que eu queira que elas sejam cortadas... ou substituídas seria impossível fazer com que essas marcas fossem apagadas. É como se eu quissesse me constituir do zero.. e uma vez nascida, existem marcas que como o próprio nome diz... ficam até o fim da minha existência... e, não tem como "desmarcar"!
Finalizo com uma frase do filme "Garota Interrompida" que explicita como é forte a ação do outro em mim (em nós) e, como muitas vezes nos sujeitamos, deixamos nossas vontades, o que ainda faz sentido, para que o outro exerça sua vontade, para que seja realizado seus desejos.
Finalizo e vos segue o trecho:
"[...] como você se fere por fora tentando matar  o que tem por dentro..." 

Beijos e abraços!

Um comentário:

  1. Interessante é ressignificar.
    Observar e refletir acerca do que temos carregado no passar do tempo. Roupas velhas? Sentimentos velhos? É isso que eu quero? É disso que eu preciso? Se não, considero relevante a ideia de deixar-se encantar por novos ares. Novos sabores. Novos sentidos.
    Belo post, Dani! Já tem uma fã. ;D

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