Tenho andado por lugares tão profundos, entre "o conhecido" e "o desconhecido", que me habitam.
O conhecido dá prazer percorrer, é entusiasmante passear por cada canto e fresta, é seguro, certeiro, posso ir até de olhos fechados e, são por eles que encontro possibilidades de seguir em frente.. possui vida e muita vontade de viver.
Já o desconhecido, me dá medo, é frio e escuro, não tenho segurança e meus olhos sempre estão vendados, por mais que me adentre nele, tenho a sensação de uma força estranha que me afirma o que aprendi em alguma aula complexa de Psicanálise: "ninguém é senhor em sua própria casa", caminhar pelo meu "EU" desconhecido, me abala, me tira do centro, do chão, me perturba, me arrasa, me enche de emoções que não sei ao certo como descrever e discriminar.
E, para chegar ao desconhecido, é necessário o mergulho, e quanto mais mergulho me falta o ar, e a vontade de permanecer na superfície é tão grande, tão forte, fico dividida, entre o que eu conheço e o que eu não conheço, mas como em toda escolha existem perdas e ganhos... seria "eu louca" de permanecer na superfície, no conhecido, sem ao menos me aventurar no desconhecido? Mesmo sabendo que não encontrarei as belas e lindas poesias, mas me permito adentrar nesse escuro... com alguns fantasmas e monstros do "lago dani's", e também com o pouco ou o muito que disponho a conhecer, a escutar. Será que estou pronta para tudo que o desconhecido m revelará? Será que suportarei a dor? Será que sairei a mesma? Dessa pergunta já tenho a resposta e, tenho certeza que não serei a mesma, já não sou a mesma depois dessa escrita.
Por mais sofrimento que "esse passear" cause em mim, não quero mesmo estar na superfície, só quero vir para a superfície para respirar, para voltar a minha essência, aquela que conheço e, que me remete às coisas boas, às minhas seguranças.
Eu quero saber o que me instiga a conhecer esses caminhos "doídos" do desconhecido, o que me afeta tanto, e o porque me arranha?
Agora, que optei por esse mergulho, não deixarei de mergulhar a cada dia mais fundo na descoberta dos escombros, dos pedaços que precisam ser juntados e trazidos para superfície juntamente comigo, com o que conheço, para que de alguma maneira "faça sentido".. porque dos cacos que busquei, ao mesmo tempo que são cacos, são como diamantes quando unidos ao conhecido, "caco" porque fere, sangra e dói, diamante porque acrescenta e brilha, porque dá ainda mais sentido ao que já existe, ao que é vivo... palpável, inteligível.
Acredito nos benefícios que esse "arranhar-me a alma" me farão e me trarão... e, Fernando Pessoa vem mais uma vez me dizer: "Tudo que chega. chega sempre por alguma razão." E, que essa razão seja, ou ao menos chegue perto dos sabores doces que se é viver em paz, mesmo que só de vez em quando, mesmo que não seja em sua plenitude, porque sei que não é possível, e além do que, não acredito em um verdadeiro crescimento sem um mínimo de sofrimento, um doar-se, despojar-se, mas me arrisco na mistura entre o real e o imaginário, que é necessária, para que "o viver bem", possa passar pelos sonhos, e para que as lágrimas escondidas, engasgadas e os choros contidos, valham a pena e, que no final o grito possa ser libertador, sem fantasmas, sem hipóteses, apenas um grito libertador... e que nesse grito, seja permitido "me conhecer nele" , mesmo que só os esboços, mesmo que as verdades absolutas sejam cartas fora do baralho! Quero apenas, me conhecer.. mesmo que um pedaço, um terço, um décimo.. me conhecer! Simples assim... ou não tão simples assim.
Versão de sentido: Alívio! Terapia!
Beijos e Abraços.